Wednesday, November 12, 2008

O que é ser Mulher Moderna?

Tenho ouvido no quotidiano a expressão “mulher moderna”. Por diversas vezes me pergunto o que significa ser uma mulher moderna? Será que as outras mulheres são mulheres da antiguidade, da idade média, ou da idade contemporânea? Creio que esta última interrogação que me faço tem razão de ser porque se utilizamos uma certa época histórica para definir e diferenciar mulheres, logo faz sentido pensar que as outras mulheres pela sua forma de pensar e agir pertencem a outras épocas históricas.

Mas o que diferencia as “mulheres modernas” das outras? Nas conversas que tenho ouvido, mulher moderna é aquela que a sua conduta não se pauta pelos valores de socialização que a maior parte das mulheres foram inculcadas, salientando-se de entre essas outras mulheres as suas mães e avós.

A mulher moderna pelos discursos que tenho ouvido no quotidiano coloca em primeiro lugar a sua profissão e interesses. Outro dia ouvi alguém dizer: “andas desaparecida”! E a outra pessoa respondeu: “não há tempo. Sabes como é ser uma mulher moderna”.

Confesso que fiquei sem perceber o que seria uma mulher moderna porque a julgar pelo tempo, acho que ninguém tem tempo suficiente a não ser que o crie em função das suas prioridades. Se quisermos definir mulher moderna em função da disponibilidade de tempo, toda gente é mulher moderna.

Conforme me referi no meu artigo: rural: localização espacial ou modo de vida?, o ser humano tende a categorizar coisas e pessoas. Na minha opinião, os indivíduos do sexo feminino passam por um processo de socialização para se tornarem mulheres uma vez que não é algo inato porque de acordo com Simone Beauvoir: “uma mulher não nasce mulher, mas torna-se mulher”.

O ser mulher moderna ou não ser creio que não é a questão porque independentemente dos processos de construção do ser mulher nas mais diversas sociedades, todas o acabam sendo.

O termo mulher moderna a meu ver é fruto de uma categorização que tem em vista diferenciar e hierarquizar indivíduos. Não nego que esse termo encontre enquadramento nalgum contexto social específico, mas acho que algumas pessoas no nosso meio o utilizam de forma abusiva sem perceber o que ele significa e sem que ele se coadune com a realidade ou com as realidades sociais diversas existentes em Moçambique.

Confesso que sou uma das pessoas que desconhece o significado desse termo. Se alguém souber, peço que me elucide a respeito.

Gravidez é Crime?

Estava esta manhã a escutar o noticiário da BBC e na rubrica que essa estação emissora tem sobre a mulher abordou hoje a problemática da gravidez na adolescência, e sobretudo entre adolescentes estudantes.

O que se procurou mostrar é que as raparigas quando engravidam são proibidas ou condicionadas a estudar. Em Moçambique, as raparigas quando engravidam frequentando a escola no período diurno, são forçadas a estudar a noite ou a anular a matrícula.

O que me desperta interesse neste tema é o seguinte: porque é que somente a rapariga é penalizada com essas medidas? Pelo que eu saiba, a concepção de um filho não é obra exclusiva da mulher. Se a rapariga é penalizada, o homem ou o rapaz coo-autor da gravidez também o deve ser.

As raparigas para continuarem a estudar muitas das vezes se vêm na contingência de esconder a barriga, não sairem da sala de aulas nos intervalos, dentre outras estratégias que elas mobilizam para continuar a estudar.

Acho que privar as raparigas de estudar por causa da gravidez não é a solução. Acho que o que deve se fazer é conscientizá-las acerca das suas responsabilidades a partir do momento que concebem uma criança. Privá-las do direito à educação é perpetuar a possibilidade de não ter mais mulheres com acesso à educação e consequentemente reduzir o seu poder de negociação nas mais diversas esferas da sociedade.

Porque é que as raparigas são banidas da escola? Será que os autores desse banimento temem que a "moda pegue"?