Monday, October 27, 2008

Violência contra Crianças

O presente artigo é fruto de uma reflexão que já venho fazendo a já algum tempo acerca da violência contra crianças. Fiquei chocada sábado último ao assistir uma reportagem sobre o assunto no programa Repórter Record da TV Record.

O que me chocou não foi o facto de ver e ouvir falar de violência contra crianças pela primeira vez. As crianças são violentadas aos mais diversos níveis: nas creches, em casa, na rua, etc..., mas quando são os seus progenitores os principais autores de tal acção, a situação se torna gravissíma!

A situação se torna gravissíma porque assume-se que os pais são em primeira instância os protectores das suas crias, como é que eles são os primeiros a violentá-las? Não percebo! Podemos pensar que casos dessa natureza ocorrem somente no Brasil ou noutros países que não o nosso. Se assim pensamos, nos enganamos porque no nosso País temos muitos casos, mas a diferença reside no facto de não serem amplamente disseminados.

O ser humano tanto se vangloria de ser racional em relação aos outros animais, mas tal racionalidade não lhe vale de nada, porque até os outros animais que agem por instinto sabem proteger suas crias.

Na minha opinião é muita cobardia agredir alguém indefeso e que não se encontra na mesma igualdade de circustâncias que nós. Entenda-se por agredir não somente fisicamente mas também emocionalmente.

A violência contra crianças não é somente física. O facto de uma criança em idade escolar estar a trabalhar para sustentar a família também é violência. Ao proceder assim se está a arrancar à criança a capacidade de viver as diferentes etapas para o seu crescimento e amadurecimento como adulto.

Como é que um pai coloca sua criança de 5 anos apenas a vender doces num trânsito de uma cidade grande exposta aos mais diversos perigos? Na cidade de Maputo também tem se assistido a crianças a pedir dinheiro nos sémaforos, enquanto seus pais estão em casa ou sabe lá Deus aonde a fazer sei lá o quê.

Vi também uma peça de reportagem em um dos nossos canais televisivos sobre crianças com idades compreendidas entre os 9 e 10 anos, que limpam campas no cemitério de Lhanguene a mando de suas mães. Que futuro se espera dessas crianças?

Peço sugestões acerca da forma como podemos proteger as crianças.

Obrigada,

Nyikiwa

Thursday, October 23, 2008

O que se passa com os nossos Ministérios?

Este artigo surge na esteira dos incêndios que têm vindo a danificar alguns compartimentos dos nossos Ministérios. O Ministério da Agricultura é até agora campeão de audiência em matéria de incêndios. Parece que o segundo incêndio ocorreu antes mesmo que a comissão de inquérito nomeada apresentasse seu relatório sobre as causas do primeiro incêndio.

Num espaço de uma semana se a memória não me trai, arderam os Ministérios da Agricultura e das Finanças. Refira-se que o Minisério da Agricultura ardeu pela segunda vez. O edifício do Ministério das Finanças que ardeu é de construção recente, pelo que não entendo a razão do incêndio. É de supor que se o edifício é de construção recente, que a tecnologia está avançada e já existem pessoas especializadas em construção civil e electrotecnia, não existem motivos a meu ver para que tal aconteça.

Agora, me pergunto o seguinte: será mão criminosa ou negligência humana?

Tuesday, October 21, 2008

Daviz na Ordem do Dia

A "dança política" no Conselho Municipal da Beira, me fez pensar num assunto: o que tanto temem as pessoas ou as entidades que tentam ofuscar a candidatura independente do actual Edil da Beira? Até a algum tempo atrás, Daviz Simango era apenas um Edil comum. Comum porque procurava fazer seu trabalho, independentemente da bandeira partidária que carregava consigo. Hoje, Daviz é caçado de todas as formas possíveis, desde acusações de nepotismo, desvio de fundos, entre outras. Me pergunto: o que fez Daviz ganhar tanto protagonismo na arena Política nacional?

As entidades e pessoas que tentam silenciar Daviz, acabaram fazendo-o um favor: divulgaram as suas habilidades e a sua coragem ao mundo.

Na minha opinião, as entidades e as pessoas que temem o avanço de Daviz como independente receiam que ele abra caminhos para outros Davizs escondidos ou adormecidos.

Wednesday, October 15, 2008

Rural: localização espacial ou modo de vida?

Este artigo surge no âmbito da comemoração do dia mundial da mulher rural ontem celebrado. Por acaso desconhecia a efeméride, mas o que chamou minha atenção foi o seguinte: o rural se refere ao modo de vida ou à localização espacial?

Parece que a tónica dominante quando se fala de rural é o espaço geográfico "campo" em oposição a urbano e cidade. Na minha opinião, o rural se refere ao modo de vida, tal e qual o urbano é um modo de vida. Existe uma tendência para associar cidade à urbanismo. Entendo por urbanismo um modo de vida que encontra a sua expressão máxima na cidade, mas que também pode ocorrer fora desta. Uma pessoa pode viver num meio tido como rural, mas não pautar por um estilo de vida rural, devido à aquilo que é a sua trajectória de vida, contactos e influências.



Actualmente com a expansão de novos bairros, assistimos à um crescente alastramento do modo de vida urbano para o "meio rural". Pessoas que vivem no "meio rural" mas que passam maior parte do tempo na cidade cada vez mais imersos no modo de vida urbano.

A fronteira entre o urbano e o rural é muito ténue porque os indivíduos oscilam entre os dois contextos. Uma pessoa que vive num distrito que é tido como meio rural e constantemente vai à cidade ou a vila para efectuar algumas transacções económicas, visitar parentes entre outras coisas acaba oscilando entre os dois espaços geográficos e modos de vida.




Outro aspecto que me saltou à vista é o facto de o termo mulheres rurais homogeneizar as trajectórias de vida, escolhas e práticas das mulheres tidas como rurais. Será que elas mesmo se reconhecem como rurais ou se reconhecem somente como seres humanos que têm direito ao livre arbitrío de viver suas vidas e fazer suas escolhas? Quais são os critérios para que elas sejam consideradas mulheres rurais?

O ser humano tem sempre a tendência de fazer taxonomias, categorizar e hierarquizar as coisas e o mundo descurando das dinâmicas, escolhas e práticas que vão ocorrendo na vida dos indivíduos.

Tuesday, October 14, 2008

Fuga de Cérebros e Filiação Partidária como estratégias de sobrevivência

Tenho acompanhado e participado de alguns debates sobre a fuga de cérebros no nosso país. Na sexta-feira passada conversei com algumas pessoas sobre a fuga de cérebros, anscensão social e filiação partidária.

Na referida conversa procuramos levantar os motivos que fazem com que os nossos quadros "fujam" do país, criem e recriem estratégias de sobrevivência fora ou dentro do território nacional. Um dos aspectos que me parece importante mencionar é o facto de fuga de quadros ou de cérebros se quisermos, não ocorrer somente através do fenómeno migração, independentemente de ser interna ou internacional, mas também de um sector de actividade para outros.

Parece-me que quando se fala de fuga de cérebros refere-se mais às migrações. Moçambique não é o único país em que tal fenómeno ocorre. Alguns órgãos de comunicação social nacionais e internacionais já divulgaram estudos sobre o fenómeno fuga de cérebros, e África é de longe o continente em que tal fenómeno ocorre com maior incidência.

Por forma a lutarem pela sobrevivência os indivíduos mobilizam diversas estratégias para maximizar o bem-estar, dentre as quais: a fuga de cérebros, a filiação partidária, entre outras que não irei abordar por agora.

1. Fuga de Cérebros:

Um dos aspectos que salta à vista é o facto de não haver incentivo aos quadros nacionais, senão vejamos: em conversa com alguns trabalhadores Moçambicanos, pude constatar que muitos deles estão descontentes e desmotivados porque seus colegas estrangeiros têm as despesas todas pagas, desde combustível, alúguer de imóveis, rancho, contas de electricidade, água, entre outras.

Ainda segundo esses trabalhadores os trabalhadores estrangeiros na maioria dos casos, porque também não se deve generalizar pouco ou nada fazem e recebem melhores ordenados.

O descontentamento não advém somente da presença de trabalhadores estrangeiros que recebem no nosso mercado de emprego porque também não vamos nos comportar e viver como ilhas, temos que manter intercâmbio e contacto com outros modus vivendis e operandis para chegarmos à diversidade, porque o mundo e a realidade são feitos pela diversidade. O descontentamento advém também dos baixissímos salários que são pagos e ausência de grande mobilidade e opções no mercado de emprego.

2. Filiação Partidária:

A filiação partidária tem ganho protagonismo em alguns debates, sobretudo entre académicos e mídia. Na minha opinião, a filiação partidária não deve ser encarada como parte de um conjunto de estratégias de sobrevivência face às dificuldades do quotidiano, mas como um mecanismo de participação política. Claro que há casos de pessoas filiadas a partidos políticos mas que são comprometidos com uma causa e com a missão e visão do partido.

Outro dia entrei num portal de comunicação social e encontrei um artigo em que alguns jovens universitários queixavam-se de intimidação para se filiarem a um certo partido. Não sou contra os partidos e contra as pessoas que a eles se filiam, apenas acho que devemos abraçar uma causa com paixão e nos identificarmos com ela para que a nossa participação seja mais profícua.

Algumas pessoas podem achar que tenho uma visão romântica da vida porque estamos numa economia de mercado, onde muitas das vezes os nossos valores e ideais são sufocados e soterrados em nome de um pretenso bem-estar, e onde os fins justificam os meios.

O que quero colocar neste capítulo da filiação partidária é que ela não deve ser vista como escape para as dificuldades do quotidiano, mas sim como uma causa que abraçamos de forma descomprometida.

Apesar de por vezes achar a minha opinião sobre a vida um tanto a quanto romântica, me pergunto se vale a pena hipotecar nossos valores, ideais e perspectivas de vida em nome de um pretenso e ilusório bem-estar? O que é o bem-estar? Parece-me que o bem-estar é uma noção puramente subjectiva.

Caros visitantes do blog, peço que me ajudem reflectir em torno das questões que procurei levantar nesta exposição.

Obrigada,

Nyikiwa