Tenho acompanhado e participado de alguns debates sobre a fuga de cérebros no nosso país. Na sexta-feira passada conversei com algumas pessoas sobre a fuga de cérebros, anscensão social e filiação partidária.
Na referida conversa procuramos levantar os motivos que fazem com que os nossos quadros "fujam" do país, criem e recriem estratégias de sobrevivência fora ou dentro do território nacional. Um dos aspectos que me parece importante mencionar é o facto de fuga de quadros ou de cérebros se quisermos, não ocorrer somente através do fenómeno migração, independentemente de ser interna ou internacional, mas também de um sector de actividade para outros.
Parece-me que quando se fala de fuga de cérebros refere-se mais às migrações. Moçambique não é o único país em que tal fenómeno ocorre. Alguns órgãos de comunicação social nacionais e internacionais já divulgaram estudos sobre o fenómeno fuga de cérebros, e África é de longe o continente em que tal fenómeno ocorre com maior incidência.
Por forma a lutarem pela sobrevivência os indivíduos mobilizam diversas estratégias para maximizar o bem-estar, dentre as quais: a fuga de cérebros, a filiação partidária, entre outras que não irei abordar por agora.
1. Fuga de Cérebros:Um dos aspectos que salta à vista é o facto de não haver incentivo aos quadros nacionais, senão vejamos: em conversa com alguns trabalhadores Moçambicanos, pude constatar que muitos deles estão descontentes e desmotivados porque seus colegas estrangeiros têm as despesas todas pagas, desde combustível, alúguer de imóveis, rancho, contas de electricidade, água, entre outras.
Ainda segundo esses trabalhadores os trabalhadores estrangeiros na maioria dos casos, porque também não se deve generalizar pouco ou nada fazem e recebem melhores ordenados.
O descontentamento não advém somente da presença de trabalhadores estrangeiros que recebem no nosso mercado de emprego porque também não vamos nos comportar e viver como ilhas, temos que manter intercâmbio e contacto com outros
modus vivendis e
operandis para chegarmos à diversidade, porque o mundo e a realidade são feitos pela diversidade. O descontentamento advém também dos baixissímos salários que são pagos e ausência de grande mobilidade e opções no mercado de emprego.
2. Filiação Partidária:A filiação partidária tem ganho protagonismo em alguns debates, sobretudo entre académicos e
mídia. Na minha opinião, a filiação partidária não deve ser encarada como parte de um conjunto de estratégias de sobrevivência face às dificuldades do quotidiano, mas como um mecanismo de participação política. Claro que há casos de pessoas filiadas a partidos políticos mas que são comprometidos com uma causa e com a missão e visão do partido.
Outro dia entrei num portal de comunicação social e encontrei um artigo em que alguns jovens universitários queixavam-se de intimidação para se filiarem a um certo partido. Não sou contra os partidos e contra as pessoas que a eles se filiam, apenas acho que devemos abraçar uma causa com paixão e nos identificarmos com ela para que a nossa participação seja mais profícua.
Algumas pessoas podem achar que tenho uma visão romântica da vida porque estamos numa economia de mercado, onde muitas das vezes os nossos valores e ideais são sufocados e soterrados em nome de um pretenso bem-estar, e onde os fins justificam os meios.
O que quero colocar neste capítulo da filiação partidária é que ela não deve ser vista como escape para as dificuldades do quotidiano, mas sim como uma causa que abraçamos de forma descomprometida.
Apesar de por vezes achar a minha opinião sobre a vida um tanto a quanto romântica, me pergunto se vale a pena hipotecar nossos valores, ideais e perspectivas de vida em nome de um pretenso e ilusório bem-estar? O que é o bem-estar? Parece-me que o bem-estar é uma noção puramente subjectiva.
Caros visitantes do blog, peço que me ajudem reflectir em torno das questões que procurei levantar nesta exposição.
Obrigada,
Nyikiwa