Tuesday, December 16, 2008

Maputo: polícia vs Ladrão

A onda de criminalidade que regista-se na cidade de Maputo não dá tréguas mesmo aos agentes da lei e ordem. Ontem, mais um polícia e por sinal membro sénior da PRM foi baleado. No espaço de menos de uma semana é o quarto elemento da PRM que é baleado por criminosos ainda à monte.


Criminosos invadem esquadra e baleam mortalmente polícias, até onde isto vai parar? Se a polícia que é supostamente o garante da lei e da ordem é a primeira a ser atacada, quiçá o cidadão comum? Existe um sentimento quase que generalizado de insegurança e de vulnerabilidade entre as pessoas face ao crime na cidade de Maputo.


Algumas correntes de opinião avançam a possibilidade de se declarar um estado de sítio, mas na minha opinião é preciso ponderar essa medida porque acarreta consequências na mobilidade e nos compromissos das pessoas, assim como na economia.

Wednesday, November 12, 2008

O que é ser Mulher Moderna?

Tenho ouvido no quotidiano a expressão “mulher moderna”. Por diversas vezes me pergunto o que significa ser uma mulher moderna? Será que as outras mulheres são mulheres da antiguidade, da idade média, ou da idade contemporânea? Creio que esta última interrogação que me faço tem razão de ser porque se utilizamos uma certa época histórica para definir e diferenciar mulheres, logo faz sentido pensar que as outras mulheres pela sua forma de pensar e agir pertencem a outras épocas históricas.

Mas o que diferencia as “mulheres modernas” das outras? Nas conversas que tenho ouvido, mulher moderna é aquela que a sua conduta não se pauta pelos valores de socialização que a maior parte das mulheres foram inculcadas, salientando-se de entre essas outras mulheres as suas mães e avós.

A mulher moderna pelos discursos que tenho ouvido no quotidiano coloca em primeiro lugar a sua profissão e interesses. Outro dia ouvi alguém dizer: “andas desaparecida”! E a outra pessoa respondeu: “não há tempo. Sabes como é ser uma mulher moderna”.

Confesso que fiquei sem perceber o que seria uma mulher moderna porque a julgar pelo tempo, acho que ninguém tem tempo suficiente a não ser que o crie em função das suas prioridades. Se quisermos definir mulher moderna em função da disponibilidade de tempo, toda gente é mulher moderna.

Conforme me referi no meu artigo: rural: localização espacial ou modo de vida?, o ser humano tende a categorizar coisas e pessoas. Na minha opinião, os indivíduos do sexo feminino passam por um processo de socialização para se tornarem mulheres uma vez que não é algo inato porque de acordo com Simone Beauvoir: “uma mulher não nasce mulher, mas torna-se mulher”.

O ser mulher moderna ou não ser creio que não é a questão porque independentemente dos processos de construção do ser mulher nas mais diversas sociedades, todas o acabam sendo.

O termo mulher moderna a meu ver é fruto de uma categorização que tem em vista diferenciar e hierarquizar indivíduos. Não nego que esse termo encontre enquadramento nalgum contexto social específico, mas acho que algumas pessoas no nosso meio o utilizam de forma abusiva sem perceber o que ele significa e sem que ele se coadune com a realidade ou com as realidades sociais diversas existentes em Moçambique.

Confesso que sou uma das pessoas que desconhece o significado desse termo. Se alguém souber, peço que me elucide a respeito.

Gravidez é Crime?

Estava esta manhã a escutar o noticiário da BBC e na rubrica que essa estação emissora tem sobre a mulher abordou hoje a problemática da gravidez na adolescência, e sobretudo entre adolescentes estudantes.

O que se procurou mostrar é que as raparigas quando engravidam são proibidas ou condicionadas a estudar. Em Moçambique, as raparigas quando engravidam frequentando a escola no período diurno, são forçadas a estudar a noite ou a anular a matrícula.

O que me desperta interesse neste tema é o seguinte: porque é que somente a rapariga é penalizada com essas medidas? Pelo que eu saiba, a concepção de um filho não é obra exclusiva da mulher. Se a rapariga é penalizada, o homem ou o rapaz coo-autor da gravidez também o deve ser.

As raparigas para continuarem a estudar muitas das vezes se vêm na contingência de esconder a barriga, não sairem da sala de aulas nos intervalos, dentre outras estratégias que elas mobilizam para continuar a estudar.

Acho que privar as raparigas de estudar por causa da gravidez não é a solução. Acho que o que deve se fazer é conscientizá-las acerca das suas responsabilidades a partir do momento que concebem uma criança. Privá-las do direito à educação é perpetuar a possibilidade de não ter mais mulheres com acesso à educação e consequentemente reduzir o seu poder de negociação nas mais diversas esferas da sociedade.

Porque é que as raparigas são banidas da escola? Será que os autores desse banimento temem que a "moda pegue"?

Monday, October 27, 2008

Violência contra Crianças

O presente artigo é fruto de uma reflexão que já venho fazendo a já algum tempo acerca da violência contra crianças. Fiquei chocada sábado último ao assistir uma reportagem sobre o assunto no programa Repórter Record da TV Record.

O que me chocou não foi o facto de ver e ouvir falar de violência contra crianças pela primeira vez. As crianças são violentadas aos mais diversos níveis: nas creches, em casa, na rua, etc..., mas quando são os seus progenitores os principais autores de tal acção, a situação se torna gravissíma!

A situação se torna gravissíma porque assume-se que os pais são em primeira instância os protectores das suas crias, como é que eles são os primeiros a violentá-las? Não percebo! Podemos pensar que casos dessa natureza ocorrem somente no Brasil ou noutros países que não o nosso. Se assim pensamos, nos enganamos porque no nosso País temos muitos casos, mas a diferença reside no facto de não serem amplamente disseminados.

O ser humano tanto se vangloria de ser racional em relação aos outros animais, mas tal racionalidade não lhe vale de nada, porque até os outros animais que agem por instinto sabem proteger suas crias.

Na minha opinião é muita cobardia agredir alguém indefeso e que não se encontra na mesma igualdade de circustâncias que nós. Entenda-se por agredir não somente fisicamente mas também emocionalmente.

A violência contra crianças não é somente física. O facto de uma criança em idade escolar estar a trabalhar para sustentar a família também é violência. Ao proceder assim se está a arrancar à criança a capacidade de viver as diferentes etapas para o seu crescimento e amadurecimento como adulto.

Como é que um pai coloca sua criança de 5 anos apenas a vender doces num trânsito de uma cidade grande exposta aos mais diversos perigos? Na cidade de Maputo também tem se assistido a crianças a pedir dinheiro nos sémaforos, enquanto seus pais estão em casa ou sabe lá Deus aonde a fazer sei lá o quê.

Vi também uma peça de reportagem em um dos nossos canais televisivos sobre crianças com idades compreendidas entre os 9 e 10 anos, que limpam campas no cemitério de Lhanguene a mando de suas mães. Que futuro se espera dessas crianças?

Peço sugestões acerca da forma como podemos proteger as crianças.

Obrigada,

Nyikiwa

Thursday, October 23, 2008

O que se passa com os nossos Ministérios?

Este artigo surge na esteira dos incêndios que têm vindo a danificar alguns compartimentos dos nossos Ministérios. O Ministério da Agricultura é até agora campeão de audiência em matéria de incêndios. Parece que o segundo incêndio ocorreu antes mesmo que a comissão de inquérito nomeada apresentasse seu relatório sobre as causas do primeiro incêndio.

Num espaço de uma semana se a memória não me trai, arderam os Ministérios da Agricultura e das Finanças. Refira-se que o Minisério da Agricultura ardeu pela segunda vez. O edifício do Ministério das Finanças que ardeu é de construção recente, pelo que não entendo a razão do incêndio. É de supor que se o edifício é de construção recente, que a tecnologia está avançada e já existem pessoas especializadas em construção civil e electrotecnia, não existem motivos a meu ver para que tal aconteça.

Agora, me pergunto o seguinte: será mão criminosa ou negligência humana?

Tuesday, October 21, 2008

Daviz na Ordem do Dia

A "dança política" no Conselho Municipal da Beira, me fez pensar num assunto: o que tanto temem as pessoas ou as entidades que tentam ofuscar a candidatura independente do actual Edil da Beira? Até a algum tempo atrás, Daviz Simango era apenas um Edil comum. Comum porque procurava fazer seu trabalho, independentemente da bandeira partidária que carregava consigo. Hoje, Daviz é caçado de todas as formas possíveis, desde acusações de nepotismo, desvio de fundos, entre outras. Me pergunto: o que fez Daviz ganhar tanto protagonismo na arena Política nacional?

As entidades e pessoas que tentam silenciar Daviz, acabaram fazendo-o um favor: divulgaram as suas habilidades e a sua coragem ao mundo.

Na minha opinião, as entidades e as pessoas que temem o avanço de Daviz como independente receiam que ele abra caminhos para outros Davizs escondidos ou adormecidos.

Wednesday, October 15, 2008

Rural: localização espacial ou modo de vida?

Este artigo surge no âmbito da comemoração do dia mundial da mulher rural ontem celebrado. Por acaso desconhecia a efeméride, mas o que chamou minha atenção foi o seguinte: o rural se refere ao modo de vida ou à localização espacial?

Parece que a tónica dominante quando se fala de rural é o espaço geográfico "campo" em oposição a urbano e cidade. Na minha opinião, o rural se refere ao modo de vida, tal e qual o urbano é um modo de vida. Existe uma tendência para associar cidade à urbanismo. Entendo por urbanismo um modo de vida que encontra a sua expressão máxima na cidade, mas que também pode ocorrer fora desta. Uma pessoa pode viver num meio tido como rural, mas não pautar por um estilo de vida rural, devido à aquilo que é a sua trajectória de vida, contactos e influências.



Actualmente com a expansão de novos bairros, assistimos à um crescente alastramento do modo de vida urbano para o "meio rural". Pessoas que vivem no "meio rural" mas que passam maior parte do tempo na cidade cada vez mais imersos no modo de vida urbano.

A fronteira entre o urbano e o rural é muito ténue porque os indivíduos oscilam entre os dois contextos. Uma pessoa que vive num distrito que é tido como meio rural e constantemente vai à cidade ou a vila para efectuar algumas transacções económicas, visitar parentes entre outras coisas acaba oscilando entre os dois espaços geográficos e modos de vida.




Outro aspecto que me saltou à vista é o facto de o termo mulheres rurais homogeneizar as trajectórias de vida, escolhas e práticas das mulheres tidas como rurais. Será que elas mesmo se reconhecem como rurais ou se reconhecem somente como seres humanos que têm direito ao livre arbitrío de viver suas vidas e fazer suas escolhas? Quais são os critérios para que elas sejam consideradas mulheres rurais?

O ser humano tem sempre a tendência de fazer taxonomias, categorizar e hierarquizar as coisas e o mundo descurando das dinâmicas, escolhas e práticas que vão ocorrendo na vida dos indivíduos.

Tuesday, October 14, 2008

Fuga de Cérebros e Filiação Partidária como estratégias de sobrevivência

Tenho acompanhado e participado de alguns debates sobre a fuga de cérebros no nosso país. Na sexta-feira passada conversei com algumas pessoas sobre a fuga de cérebros, anscensão social e filiação partidária.

Na referida conversa procuramos levantar os motivos que fazem com que os nossos quadros "fujam" do país, criem e recriem estratégias de sobrevivência fora ou dentro do território nacional. Um dos aspectos que me parece importante mencionar é o facto de fuga de quadros ou de cérebros se quisermos, não ocorrer somente através do fenómeno migração, independentemente de ser interna ou internacional, mas também de um sector de actividade para outros.

Parece-me que quando se fala de fuga de cérebros refere-se mais às migrações. Moçambique não é o único país em que tal fenómeno ocorre. Alguns órgãos de comunicação social nacionais e internacionais já divulgaram estudos sobre o fenómeno fuga de cérebros, e África é de longe o continente em que tal fenómeno ocorre com maior incidência.

Por forma a lutarem pela sobrevivência os indivíduos mobilizam diversas estratégias para maximizar o bem-estar, dentre as quais: a fuga de cérebros, a filiação partidária, entre outras que não irei abordar por agora.

1. Fuga de Cérebros:

Um dos aspectos que salta à vista é o facto de não haver incentivo aos quadros nacionais, senão vejamos: em conversa com alguns trabalhadores Moçambicanos, pude constatar que muitos deles estão descontentes e desmotivados porque seus colegas estrangeiros têm as despesas todas pagas, desde combustível, alúguer de imóveis, rancho, contas de electricidade, água, entre outras.

Ainda segundo esses trabalhadores os trabalhadores estrangeiros na maioria dos casos, porque também não se deve generalizar pouco ou nada fazem e recebem melhores ordenados.

O descontentamento não advém somente da presença de trabalhadores estrangeiros que recebem no nosso mercado de emprego porque também não vamos nos comportar e viver como ilhas, temos que manter intercâmbio e contacto com outros modus vivendis e operandis para chegarmos à diversidade, porque o mundo e a realidade são feitos pela diversidade. O descontentamento advém também dos baixissímos salários que são pagos e ausência de grande mobilidade e opções no mercado de emprego.

2. Filiação Partidária:

A filiação partidária tem ganho protagonismo em alguns debates, sobretudo entre académicos e mídia. Na minha opinião, a filiação partidária não deve ser encarada como parte de um conjunto de estratégias de sobrevivência face às dificuldades do quotidiano, mas como um mecanismo de participação política. Claro que há casos de pessoas filiadas a partidos políticos mas que são comprometidos com uma causa e com a missão e visão do partido.

Outro dia entrei num portal de comunicação social e encontrei um artigo em que alguns jovens universitários queixavam-se de intimidação para se filiarem a um certo partido. Não sou contra os partidos e contra as pessoas que a eles se filiam, apenas acho que devemos abraçar uma causa com paixão e nos identificarmos com ela para que a nossa participação seja mais profícua.

Algumas pessoas podem achar que tenho uma visão romântica da vida porque estamos numa economia de mercado, onde muitas das vezes os nossos valores e ideais são sufocados e soterrados em nome de um pretenso bem-estar, e onde os fins justificam os meios.

O que quero colocar neste capítulo da filiação partidária é que ela não deve ser vista como escape para as dificuldades do quotidiano, mas sim como uma causa que abraçamos de forma descomprometida.

Apesar de por vezes achar a minha opinião sobre a vida um tanto a quanto romântica, me pergunto se vale a pena hipotecar nossos valores, ideais e perspectivas de vida em nome de um pretenso e ilusório bem-estar? O que é o bem-estar? Parece-me que o bem-estar é uma noção puramente subjectiva.

Caros visitantes do blog, peço que me ajudem reflectir em torno das questões que procurei levantar nesta exposição.

Obrigada,

Nyikiwa

Monday, September 29, 2008

RENAMO versus Daviz Simango

Em Moçambique, definitivamente acho que ainda não temos oposição. Como é que se justifica que um partido que se assume como pai e benfeitor da democracia no País se ridicularize tanto! Quanto à mim, Daviz Simango já deu provas mais que suficientes de que é um homem íntegro e comprometido com a causa que abraça.

A RENAMO, vem agora a público justificar o grande apoio que Simango tem dos municípes "Beirenses", alegando que ele os teria aliciado através do desvio de fundos do erário público. Acho que há um paradoxo nesse posicionamento do partido da perdiz: será que Daviz Simango teria capital para aliciar quase toda a cidade da Beira, senão toda?

Creio que a RENAMO está a tentar tapar o sol com a peneira, como se diz na gíria popular. Não imaginavam que Simango tivesse tanta coragem para se tornar candidato independente à sua própria sucessão.

A desculpa que a RENAMO encontra mostra que esse partido não acredita que o povo tem "olhos de ver", e vontade própria.

Sunday, September 28, 2008

Ainda sobre o caso dos 220 milhões de Meticais

o tão propalado caso dos 220 milhões de meticais, me fez reflectir em torno de uma questão: porque é que se está a dar muita ênfase à prisão do senhor Manhenje? Será que ele foi, e é o único que defraudou e defrauda bens e dinheiro do erário público? Quantos casos mal parados sufocam a justiça Moçambicana?

Até hoje, as pessoas estão ávidas em saber quem é o autor moral do crime de Carlos Cardoso, e quem são os autores morais e materiais da morte bárbara de Siba-Siba. Pelo que me consta esses dois casos mal parados são anteriores ao caso dos 220 milhões de meticais.

Dei exemplo desses dois casos, mas concerteza, existem muitos outros casos por esclarecer. Claro que é importante que este caso siga os trâmites legais, mas parece-me que se atribuiu muito protagonismo ao mesmo.

Thursday, September 25, 2008

Corrupção ou roubo?

Foi com tamanha surpresa que recebi a notícia acerca da detenção do senhor Almerino Manhenje, ex-ministro do interior e dos assuntos de segurança na presidência da República de Moçambique. Recebi chamadas e mensagens a darem conta do sucedido. Num primeiro momento, fiquei incrédula face à notícia uma vez que não é prática em Moçambique divulgar-se ou deter dirigentes e figuras proeminentes.

Algumas correntes de opinião defendem que a detenção de Manhenje é apenas para satisfazer as vontades dos doadores, que já há muito clamam por resultados de combate à corrupção. Acho que há um equívoco a esclarecer: corrupção é totalmente diferente de roubo, e pelo que percebi o senhor Manhenje está sendo indiciado pelo desvio de 220 milhões de meticais da nova família do metical, o que quanto à mim remete para roubo e não para corrupção, visto esta ter a ver com a capacidade de outrém corromper outrossim. O roubo por sua vez se refere ao furto da coisa alheia, e neste caso vertente foi furto da coisa pública.

Agora resta saber qual será o andamento deste caso que pegou os Moçambicanos de tamanha surpresa!

Sunday, August 3, 2008

Acordo ortográfico

A questão do acordo ortográfico, quanto a mim mostra claramente que a população não é consultada, nem ouvida. A populaçãoo apenas serve para votar. Na verdade quem ratifica os documentos quer a nível nacional, quer a nível internacional são os dirigentes, que ignoram o facto de haver diversas culturas e diversos comportamentos no seio de um povo que aparentemente é homogéneo, quiça entre povos de diferentes culturas e comportamentos? Julgo que está na hora de antes de se avançar para esse tipo de acordos, se ausculte o povo e se faça ouvir suas ideias.

A meu ver, o governo moçambicano pelo menos desta vez do acordo ortográfico, não deve ratificar esse instrumento. Temos que parar com a política de importar modelos que muita das vezes não se coadunam com a nossa relaidade.