Sunday, August 23, 2009

Educação (escolarização) e Desenvolvimento

Neste artigo pretendo debruçar-me sobre a relação entre a educação no sentido escolarização e o desenvolvimento de um País. Muitas correntes de opinião advogam que para os países desenvolverem precisam indispensavelmente de ter população escolarizada.
Segundo Werthein (2003) ao analisar países bem-sucedidos, como a Irlanda, a Espanha e a Correia do Sul, que há 30 anos enfrentavam sérias dificuldades sócio- económicas, se nota que em comum são nações que fizeram o dever de casa, priorizando o ensino de qualidade de sua população. Como recompensa, são países que registram hoje alto nível educacional, crescimento económico, aumento da renda da população, maior volume de exportações e melhoria no nível do emprego, além de respeito internacional. Já alguns países como o Brasil e o Perú, que deixaram de promover as reformas educacionais na devida época, apareceram na pesquisa com resultados insatisfatórios e preocupantes. Este princípio é em nossa opinião verdadeiro, mas não aplicável a todos os contextos.
Cremos que o desenvolvimento é algo integrado e não se limita somente à educação. Até onde sabemos, os relatórios de desenvolvimento humano não focalizam sua atenção somente no factor educação (escolarização), mas combinam-no com outras áreas tais como: Estado, saúde, governação, democracia, entre outras.
Não encaramos a escolarização como algo mau, mas consideramos que seja necessário notarmos que a escolarização é fruto de um contexto específico, que foi transportado para os demais contextos e conseguiu se impor por diversas razões.
Os “Tigres Asiáticos” que são tidos como exemplo de desenvolvimento no seio dos países considerados de terceiro mundo, combinaram as suas lógicas locais de funcionamento com alguns princípios utilizados noutros contextos tais como: dedicação ao trabalho, auto-estima, entre outros.
A pessoa que não passou pelo processo de escolarização é vista como incapacitada de participar do processo de desenvolvimento, de lidar a novas tecnologias de comunição e informação, bem como interagir na aldeia global em que se transformou o nosso planeta.
A escola é tida como o lugar de excelência da educação e a única instituição que tem o mérito de educar, desconsiderando de certa forma as outras formas de educação. A noção de desenvolvimento é em si polissêmica. Para uns desenvolvimento é ter bons hospitais, há quem considere que é ter comida, um bom carro, etc…
Ouvi falar do episódio de uma senhora que veio a Moçambique para fazer o seu trabalho de campo com vista à obtenção do grau de doutoramento. Ela dirigiu-se a uma província e encontrou um pescador a quem fez um lote de questões. O pescador só respondia não às questões da doutoranda. Já cansada de tanto questionar, ela agradeceu e despediu-se.
O pescador interrompeu a marcha da senhora e foi tirou de cada vez um tipo de peixe que trazia no cesto. À medida que tirava cada peixe perguntava à senhora se sabia que tipo de peixe era aquele.
Depois dessa experiência, a doutoranda confessou que recebeu uma lição que jamais esquecerá. Todas as pessoas têm o seu conhecimento e atribuem significados diferentes e por vezes que coincidem à realidade circundante.