Saturday, January 3, 2009

Mulher, um Objecto de Estudo Multifacetado

Muito se tem dito e escrito sobre a mulher. Existem estudos, revistas, programas televisivos e radiofónicos especializados em questões ligadas à ela. Mesmo no meio académico existem revistas desse cariz, como é o caso da revista estudos da mulher no Brasil.


Ultimamente em Moçambique assiste-se à feminização de quase tudo, desde feminização da pobreza, feminização do SIDA, feminização da violência, entre outras feminizações que estão para ser criadas ou já estão no prelo.

Tais revistas, programas radiofónicos e televisivos abordam algumas questões passíveis também de ser abordadas com relação ao homem, mas porque é que pratica-se tal femicentrismo?

A explicação mais frequente e quase que consensualmente aceite é a de que a mulher é frágil e oprimida pelo modelo patriarcal dominante na nossa sociedade. Será que o homem é essa besta-fera que tanto propalam? Não quero negar que a mulher é mais violentada e oprimida que o homem, mas será que já se procurou estudar a fundo o “monstro-homem”?

O modelo patriarcal efectivamente existe na nossa sociedade, mas já paramos para pensar que ele é produto do que homens e mulheres convencionaram como regras de conduta para os indivíduos que nascem num certo contexto sócio-cultural e até espacial e temporal? Os valores existentes numa sociedade não nascem num vácuo, são produto de construção humana, visto a cultura ser o traço distintivo entre o homem e os outros animais e o homem assim como a mulher perfazem o género humano.

Acordo Ortográfico (2)

Este artigo é o segundo que escrevo em torno do acordo ortográfico da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa. No primeiro, eu dizia que achava que o Governo Moçambicano não devia ratificá-lo, visto sermos uma amálgama cultural e que devia olhar-se para as implicações que a ratificação desse documento poderia trazer. Felizmente, na minha opinião, o Governo Moçambicano ainda não ratificou o acordo ortográfico, embora eu desconheça os motivos de tal atitude.

Este segundo artigo nasce do facto de a partir de 1 de Janeiro do corrente e fresco ano de 2009, ter entrado em vigor o acordo ortográfico em alguns Países da CPLP. Moçambique, Guiné-Bissau, Angola e Timor-Leste são os Países que ainda não ratificaram esse instrumento e consequentemente, não adoptaram ainda as novas regras de ortografia.

Pelo que eu saiba as pessoas que estão circunscritas no contexto sócio-cultural que é a CPLP, jamais deixaram de entender-se por culpa da ortografia ora vigente no Brasil e noutros Países integrantes dessa Comunidade. Temo que com a entrada em vigor desse acordo ortográfico, talvez o “Português Brasileiro” perca a ginga que lhe é peculiar ou o Crioulo perca a graça que tem. Digo talvez porque não sei que orientação a nova ortografia tomará, ou quem adoptará de quem, uma vez que antes da sua ratificação se aventava a hipótese de todos Países da CPLP adoptarem a ortografia Brasileira ou o Português de Portugal.

Eu sempre me pergunto porque é que temos que ser todos iguais como se fossémos produto da mesma fábrica e da mesma série? A diversidade está condenada a morrer em nome da tão almejada globalização, que para mim é mais englobação que outra coisa porque nos estão a englobar nos seus sistemas culturais e financeiros à todo custo.



Nyikiwa

Friday, January 2, 2009

Falha do Sistema de Escolha Múltipla ou Falta de Preparação dos Alunos?

O presente artigo surge por um lado como fruto do interesse que nutro pelos temas relaccionados à educação e instrução, e por outro lado porque foram recentemente publicados os resultados dos exames da 12ª classe do sistema nacional de ensino. O índice de reprovações na 1ª época de exames da 12ª classe rondou os 70%, facto que me fez pensar em torno da problemática.

As explicações sobre os motivos do índice retumbante de reprovações gravitam em torno de três cenários, nomeadamente: uma avançada por alguns estudantes auscultados que atribui culpa ao sistema de avaliação baseado na múltipla escolha, introduzido no País em 2008. A segunda explicação é avançada pelo sector da educação que defende que os estudantes não prepararam-se devidamente para os exames, daí terem averbado muitas reprovações. A última explicação é dada pela Organização Nacional de Professores (ONP) que defende que o sistema de múltipla escolha impede os estudantes de mostrarem as suas reais capacidades, pois limitam-se a assinalar a alternativa que lhes parece correcta sem desenvolverem e mostrarem o seu raciocínio. Importa realçar que a posição da ONP sobre o sistema de avaliação baseado na múltipla escolha foi proferida antes mesmo da publicação dos resultados.

O meu interesse no presente artigo não é legitimar uma e outra posição das acima apresentadas, mas analisa-lás. A desculpa apresentada pelos estudantes parece-me “desculpa de mau pagador” ou se preferirmos “um macaco quando não sabe dançar diz que o chão é que está torto”. Recorri a estes dois adágios populares para mostrar que para mim os estudantes estão a justificar-se com base na história de Adão e Eva, pois Adão quando interpelado por Deus, disse que Eva é que o oferecera o fruto proibido.

A posição do sector de educação também alinha no mesmo diapasão da explicação dos estudantes, porém, importa notar que os nossos estudantes pouco ou nada fazem para terem bom rendimento escolar, apesar de muitas facilidades que têm a seu dispôr, tais como: a internet e bibliotecas na cidade de Maputo. Falo da cidade de Maputo porque a peça de reportagem que vi, fazia menção às pautas de exame publicadas nas Escolas Secundária Josina Machel e Francisco Manyanga.

A explicação avançada pela ONP a meu ver levanta uma parte do problema porque os exames de múltipla escolha limitam a capacidade dos estudantes de mostrarem o seu potencial, uma vez que o estudante dispõe em cada pergunta de quatro alternativas para responder à questão. Será que se continuassemos com o anterior sistema de avaliação os resultados teriam sido melhores? O que é que a 2ª época nos reserva? Esperemos para ver se a culpa do índice retumabnte de reprovações é do sistema de múltipla escolha recentemente introduzido nos exames do ensino secundário, ou falta de preparação por parte dos estudantes?


Nyikiwa