O presente artigo surge após eu ter lido um artigo do PC Mapengo publicado no blogue do Júlio Mutisse intitulado: “um golo para fintar o destino”. O artigo em causa chamou-me atenção para o facto de muitas vezes confundir-se escolarização e educação.
A escolarização como o próprio nome já indica remete necessariamente para a escola e todos métodos lá utilizados, ao passo que a educação não remete única e necessariamente para a escola como o lugar de excelência, onde são inculcados os cânones sem os quais eles não são reconhecidos como membros de um certo grupo social.
Educar é muito mais que escolarizar, porque segundo o dicionário de língua portuguesa, educação signifca instrução e cortesia e não necessariamente escolarizar como se tem pensado, daí que no quotidiano é frequente ouvir a seguinte frase: “xiii…, fulano nem parece que estudou porque tem atitudes de uma pessoa grunha, guindza e baixa (inculta) ”. O que acontece é que a instrução e a cortesia no meu entender são apriores a escolarização, e como tal elas é que preparam as pessoas para o porvir.
A educação ocorre nas mais diversas instituições porque a escola não é o lugar soberano onde ensina-se ao homem a viver em sociedade, uma vez que a educação em termos gerais visa inserir o homem em sociedade, fazê-lo útil e reconhecido por ela. Os ritos de iniciação, as escolas de futebol, os clubes desportivos e outras instituições de socialização têm a tarefa de educar.
Mercê desse pensamento amplamente divulgado de que a escola é o garante da inserção do indivíduo na sociedade, assistimos à uma crescente azáfama de pessoas que lutam para ingressar no ensino superior no nosso País, porque julgam que somente escolarizadas é que podem ascender socialmente e alcançar reconhecimento por parte dos demais.
Nampula com mais casos de contenciosos e ilícitos eleitorais
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A província de Nampula foi a que mais casos de contenciosos e ilícitos
eleitorais registou, durante o dia da votação de 9 de Outubro, com 56
processos. ...
2 weeks ago
14 comments:
Olá
Blog bem realizado, parabéns!
Voltarei com mais tempo.
Um abraço desde Portugal
Muito obrigada Luis Portugal!
Feliz distinção entre educação e escolarização. É um tema que precisa ser muito mais explorado.
Não sei porque cargas de água foste bastante resumida nesta sua abordagem mas, acredito, podes desenvolver mais o tema indo até o tutano nesta distinção que é de extrema importância.
É que, até pessoas com formação ao mais alto nível, fazem-se valer da escolarização a despeito da educação, do "chá" como nós dizemos lá em casa.
Mutisse
Mutisse, nao desenvolvi mais o tema para voces darem vosso ponto de vista e em funcao disso aprofundarmos juntos o debate. Tambem, julgo que a blogosfera nao e um lugar para textos longos porque algumas pessoas estao a trabalhar, o que pode levar-lhes mais tempo. Creio que e melhor escrever curto, claro e objectivo. De qualquer forma muito obrigada e podemos aprofundar mais o assunto.
Ok. O mote está lançado. Vou me documentar e cá volto.
Eu já há algum tempo considerava piamente que a escola era um lugar de aquisição de educação, e investir na educação era necessariamente construir escolas. Isto significa dizer que eu confundia, e as vezes faço confusão entre Escolarização e a Educação.
Responsabilizava o governo, e não os pais dos indivíduos, pelo alto nível de criminalidade, prostituição, uso e consumo de estupefacientes. Mas fazendo um olhar apreensivo sobre o comportamento de algumas pessoas cheguei a conclusão que o problema nao era a falta de oportunidade de frequentar a escola mas a falta de uma educação profunda em casa com intuito de adquirir valores, atitudes e costumes.
A oportunidade de ingressar numa instituição de ensino superior pode, de certa maneira, proporcionar a um jovem uma “ascenção socialmente e alcançar o reconhecimento dos demais”, mas isso não evita de modo algum a sua entrada para o mundo do crime ou tornar-se numa pessoa grunha, guindza ou baixa.
Portanto, na minha opinião, é necessário uma política forte de educação por parte do governo. Educação no sentido de socialização para aquisição de formação e valores que muitas vezes não se recebe em casa devido à um sistema de parentesco ausente.
Nyikiwa, é interessante como de uma forma simples procuras distinguir educação da educação. Mesmo reconhecendo a justificação que dás a Mutisse, fica a ideia de que podias ir um pouco mais.
Sempre achei que em muitos casos a escola não nos torna pessoas melhores. Falo da tua referência a “aquela pessoa nem parece que estudou” por ser “guindza” eu sou de opinião que a escola nos dá mais ferramentas para nos tornarmos guindzas se assim o desejarmos. A educação é realmente do “chá”. É mais fácil culpar o governo (alguém, menos nós, tem de ser culpado) mas nós é que temos de assumir as nossas responsabilidades. Nos últimos anos (dizem que a culpa é do desenvolvimento) temos nos abdicamos das nossas responsabilidades. A educação está sob a responsabilidade da TV, das creches e de sei lá quem porque com as exigências do mercado não temos tempo para os nossos filhos.
Nyikiwa, eu talvez seja suspeita para falar no assunto. Ainda assim, foi bem tirada este teu curto mas intenso post.
Creio que se todos os intervenientes da formacao do homem se trabalhassem em conjunto, ninguem estaria atirar as pedras ao outro.
A meu ver, familia, igreja e outras instituicoes sociais se tem omitido deste papel tao importante que eh educar, dai a responsabilizacao de outrem.
Obrigada mana! Prometo aprofunda-lo.
Beijinhos!
Ola Nyikiwa, parabéns pela postagem de um tema sempre oportuno.
Sem querer tirar mérito aos chás - e olha que eu tomei chás - na minha opiniao, a educacao é tarefa de todos os intervenientes da sociedade. Penso que a funcao principal da educacao eh dotar o individuo do sentido de responsabilidade.
Quero acreditar que o ladrao armado semi-analfabeto eh tao sem escrupulos como o empresario de sucesso que foge ao fisco e faz esquemas altamente eficientes de estafar o seu empregador.
No entanto, um esforco conjunto dos intervenientes na nossa vida diaria deve contribuir para ter a educacao como parte da vida sobretudo das criancas. As motivacoes? Essas sao discutiveis, na minha opiniao.
Este raciocinio leva-me a uma bifurcacao: lares sem pais, e o papel da igreja. Seria interessante discutir estes dois aspectos no contexto da educacao.
Mas cingindo-me ao tema inicial, a educacao, ou a sua falta, nota-se nas mais diferentes esferas.
Quero acreditar que o ladrao armado semi-analfabeto eh tao sem escrupulos (sem educacao, e para mim, sem um senso de responsabilidade) como o empresario de sucesso que foge ao fisco e faz esquemas altamente eficientes de estafar o seu empregador.
E da mesma forma, um vendedor ambulante pode ser tao educado como um empresario academico.
Olha querida, desculpe a forma de tratamento. É que em países da periferia como nossos, pode parecer que não, mas a escolarização pesa mais que a educação, quanto aumentar o nível escolar melhor. Infelizmente a sociedade respeita mais, o "doutor" sem se preucupar se o tipo tem boas maneiras ou não. Mas vamos lutar para resgatar esse grande valor moral nas nossas sociedades.
É um tema interessante, o que a Nyikiwa diz é o que acontece mesmo no seio de pedagogos, psicólogos etc.
Tenho acompanhado discursos do tipo "a nossa educação é péssima" no lugar de o nosso ensino!
A Ximbita traz o fundo da questão porque o Estado abre as portas reconhecer o envolvimento de todos os actores no processo de educação da nossa sociedade.
Porém, há um problema que precisa ser levado a mesa é como reconhecer os sabem sem ter passado de uma escola oficial e obter um diploma que legitima o seu saber? este é um ponto.
o outro ponto está relacionado com facto de que o ministério de trabalho até hoje deixa que agentes económicos lancem anúncios do tipo queremos um economista formado no ISPU! Portanto se quizermos aprofundar há tanta coisa que se pode trazer à mesa.
quero concordar com J.Mutisse este tema é bastante complexo que para melhor se traçar as suas fronteira só desenrolando na sua plenetude permitindo a compreensão dos seus meandros. BJS
Olá Nyikiwa. Tardiamente li o seu artigo. Gostei. Realmente devias ter aprofundado a tua reflexão, mas o importante é que lançaste o mote para o debate com as premissas centrais. E concordo contigo quanto ao modo simples e claro com que devemos escrever neste tipo de espaços e não aqueles textos enciclopédicos do Elísio Macamo, mas cada um faz o que mais lhe agrada. Olha, falando particularmente de Moçambique, está mais do que claro que temos cada vez mais pessoas com graus acedémicos e menos educação no sentido que é aqui atribuído. Até dúvido dessa escolarização, uma vez que com o que se anda a ver ultimamente, parece-me mais pessoas com graus escolares e académicos do que conhecimentos, isto sem falar em questões culturais e educacionais. As pessoas jogam na cara umas as outras os seus diplomas e posições que ocupam e nunca as suas reais valências e competências quer científicas, técnicas, profissionais e até de carácter. São auténticas fachadas e daí o país a resvalar para o abismo.
Abraços
Danúbio
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