Wednesday, July 7, 2010

O Local e o Global

O presente artigo surge como fruto da minha participação numa palestra sobre Identidade Cultural, em que se dabatia a questão do local e do global. Um dos painelistas lia um trecho de um texto que advoga que África foi construída fora e que nós enquanto Africanos, perpetuamos os estereótipos e preconceitos que são disseminados sobre o “continente negro”.
O trecho lido por esse painelista, fez-me recordar um texto de um escritor Egípcio naturalizado Americano de nome Edward Said que escreveu um livro fabuloso, a meu ver. Said no seu livro “Orientalismo”, refere que o Oriente é uma construção que foi feita fora do próprio contexto e que o que se diz sobre ele não corresponde à verdade. Acredito que o mesmo aplica-se à África e as Américas, pois aquando das viagens de descobrimentos e colonização, dizia-se que o móbil dessas viagens e do colonialismo era pacificar os Africanos e os Americanos porque eles descobriram-nos, porque antes desses dois processos esses povos eram iletrados e sem história, portanto, pertenciam ao lado frio da história.
Os dois primeiros parágrafos eram apenas uma introdução para a questão do local e do global que pretendo abordar no presente texto. Considero que o pensamento de que a África que a maioria de nós conhecemos ser de produção exógena, faz com que se valorize mais valores e produtos culturais de outros contextos.
Não sou contra valores e produtos culturais de outros contextos, pelo contrário, as culturas não são ilhas e precisam de se retroalimentar. Contudo, acho que primeiro devemos procurar apreender os nossos valores e fazermos uma introspecção para sabermos quem somos realmente. Muitas das coisas que nos têm dito nem constituem por vezes verdades. O Global só se torna problema a meu ver quando deixamos de lado a procura por aquilo que é local, como dizia alguém que não é primeiro querer ser Picasso para depois ser Malangatana, mas primeiro ser Malangatana para depois procurar incorporar na pintura de Malangatana alguns elementos da pintura de Picasso.
É difícil traçar uma linha divisória distinta entre o local e o global, porque a fronteira é muito ténue e se interpenetram diariamente. Também é difícil saber o que é local e o que é global. Algumas pessoas dizem que a capulana é Moçambicana, mas segundo fontes históricas, a capulana não é originária de Moçambique, mas a forma de amarrar a capulana é que pode ser considerada Moçambicana.

2 comments:

Chacate Joaquim said...

A conta gotas Preta! Força a frente é que é o caminho. Bjs

Anonymous said...

oi,adorei o texto e quero concordar contigo.porque em muitos aspectos da vida quer social,somos induzidos por aspectos exterior sem analisar ,se os mesmos adequam se ao nosso contexto.
mesmo a aculturação da capula,se repararmos com atenção,a maneira de usar e o tipo de capulana usada nas regioes,sul,centro e norte,verificamos alguma diferença.