Sunday, January 31, 2010

Pressupostos da Educação (alfabetização e escolarização) de Adultos

Educar adultos é sempre um desafio, devido às especificidades que esse grupo apresenta. Algumas correntes de opinião, alegam que algumas estratégias de prevenção e combate ao HIV e SIDA, tem fracassado porque educar e sensibilizar adultos não é uma tarefa fácil. Algumas Organizações que trabalham na área do HIV e SIDA, defendem que para reverter-se o quadro negro de índices de contaminação pelo HIV e SIDA seria ideal sensibilizar crianças e jovens, pois ainda é fácil os influenciar a mudar de comportamento.

Porque é que algumas correntes de opinião afirmam não ser fácil educar adultos?

Segundo Stephen Lieb, citando Malcom Knowles, considerado pioneiro da educação de adultos, ao tentar educar um adulto deve se ter em consideração os seguintes aspectos:

• Os adultos são autónomos e auto-dirigidos;
• Os adultos têm acumulado fundações de experiência de vida e conhecimento;
• Os adultos são orientados para as metas;
• Os adultos são orientados para aspectos relevantes;
• Os adultos são práticos, focalizando-se nos aspectos da lição mais úteis para eles no seu trabalho;
• Os adultos gostam de notar que são tratados com respeito.

Analisando os aspectos ora enumerados, pode se notar que o adulto na maioria das vezes tem um sentido selectivo e crítico, e que apesar de ele receber informações de diversas fontes e tipos, ele selecciona e utiliza a informação de acordo com aquilo que ele acha relevante para si no momento ou futuramente.

Os programas de alfabetização ou escolarização de adultos para que alcancem os objectivos desejados devem procurar motivar o interesse dos adultos para estudarem e, sobretudo interiorizarem a importância de serem letrados, porque de outro modo tais programas sempre encontrarão barreiras.

O acesso a um certo serviço seja de Saúde ou de Educação não se traduz necessariamente pela existência de tal serviço numa certa área geográfica, mas tem a ver com o factor Cultura. Há casos relatados pela imprensa de regiões em que existem Escolas, mas as pessoas não as frequentam, porque no seu universo cultural a Escola não tem nenhum significado, ou se o tem é irrelevante para que as pessoas se deixem alfabetizar.

Segundo Rosalina Rungo, uma das formas de motivar os adultos a quererem estudar seria alfabetiza-los nas Línguas locais, porque a Alfabetização e feita com base na Língua Portuguesa. Ate onde sei o objectivo da Alfabetização e ensinar as pessoas a ler e escrever. Também é possível ensinar a ler e escrever nas Línguas locais.

14 comments:

ideias said...

Nyiki, sem querer negar esta opinião, acho que essas organizações que trabalham na área do HIV e Sida é que não conseguem adequar as mensagens que pretendem transmitir para que sejam entendidas pelos adultos. Elas sabem, logo à partida, com que adultos vão lidar em termos de níveis de escolaridade e de experiência de vida. Então, que se esforcem um bocadinho mais nas pesquisas sobre que modelo de Comunicação é necess’ario para alcançar esse grupo etário. Se quiserem podem falar com mano Egídio.



Lembro de alguém, já não sei quem, que dizia que, no contexto da educação de adultos, nós estamos a conduzir em contramão, ou seja, a caminhar no sentido invesro. Que diferentemente da educação convencional (em que o estudante é obrigado a ajustar-se ao curriculo estabelecido), na educação de adultos, o curriculo deve ser constituido em função das necessidades do estudante, neste caso o adulto. E nós fazemos tudo da mesma forma.


Mana Nyiki, nunca 'e tarde para se desejar coisa boa a alguem. thanks

Unknown said...

O objectivo primordial da educação é a socialização. a lingua é um meio para a dita unidadde dos macuas aos machangana aos machopes aos macondes etc...

Portanto, o Homem que se exclui do novo modo de viver está fora do comum! a questão do HIV/SIDA está a criar luto em indivíduos que iniciáram a sua actividade sexual acompanhados pela SMS: "SIDA mata malume"

Quando começam as campanhas sobre o SIDA, sobre o Palodismo, sobre a cólera etc? qual é a faxa etária que mais morre? será que não foi educada ainda jovem?

Falando da relevância, pelo menos para os moçambicanos a vida me parece prioritária; seguida da procriação.pensamos que aqui vive o problema; quando é que cada objectivo faz sentido sem a outra?

Nyikiwa, trazes um reflexão bastante interessante, o que falta é saber se precisamos de comunicadores ou de pedagogos para educarmos o adulto?

PS: no dia que tratar as crianças de forma desrespeitada, dia seguinte se não porobrigação estará souzinha na sala. hehehe brincadeira.

MANUEL DE ARAÚJO said...

Bom regresso a blogosfera!

Abandonaste-nos! MA

Julio Mutisse said...

Concordo com o Arão. Há muito em que se deve repensar quando falamos de mensagens sobre HIV e/ou a educação de adultos.

Como diz Chacate há experiências do passado com campanhas de prevenção, mitigação e combate a determinadas doenças que foram bem sucedidas numa era em que a taxa de analfabetismo era bem maior. É verdade que os tempos mudaram, mas a estratégia desses tempos pode ser adaptada de modo a que a mensagem passe. A verdade é que as mensagens sobre o SIDA há muito se mostram desajustadas e não passam. Porque será?

Na educação de adultos, principalmente nas zonas rurais, não podemos inventar a roda; para além de tudo o que foi mencionado acima, há que combinar esforços com outras entidades que directa ou indirectamente, jogam um papel importantíssimo na educação de adultos. Falo das congregações religiosas por exemplo.

Essas comunidades, nas escolas dominicais e outros programas, mesmo sem o objectivo primordial de alfabetizar, acabam alcançando esse desiderato a ponto de termos, naquelas comunidades, gente que lê a bíblia e rabisca uma ou outra palavra na sua lingua local. Daí que, o Estado pode igualmente servir-se das experiências desses meios e alanvacar se no seu desiderato de educar os nossos adultos não alfabetizados. Eu próprio antes de entrar na escola já lia e escrevia Changana aprendido da Bíblia e do hinário "Twanano" que usava na igreja paredes meias com a minha casa em Manjacaze. Continuo a ler a bíblia em Changana para não perder o vocabulário e, neste aspecto, detesto as telefonias móveis pois cortaram me a possibilidade de continuar a escrever cartas em changana para os meus pais. É que muitos naquelas comunidades não escrevem uma única palavra em Português, mas lêm e escrevem em Changana melhor que muitos de nós fazemos em Português.

Unknown said...

Heheheheh Mutisse,

Não tens nada que detestar as TICs o que poderia fazer é escrever SMS's em changana mesmo para os quotas.

Portanto, objectivamente não mudou nada se não a maneira de fazer as mesmas coisas.

Julio Mutisse said...

Tens razão Chacate, mas numa carta podia escrever 600 vocábulos. Impossível numa SMS

Unknown said...

também tens razão Mutisse, não se esqueça que onde há vantagem a mansão da desvantagem está lá. aquele abraço brother.

Anonymous said...

Ola,
Para te ser franco tive um colega pelas minhas andanças nas terras do planalto de manica, concretamente no Distrito de Gondola. Junto labutavamos o nosso dia a dia ensinando crianças do EP2. Como vê, era um colega letrado, mas nao acreditava e talves continua a não acreditar no uso do condom como meio de prevenção de várias doenças e como consequência e antes de eu sair de lá, ja tinha cinco filhos e que o mais velho tinho 5 anitos «Engraçado nem?».
O mais absurdo é que reconhecia a existencia do HIV/SIDA e que segundo ele este resulta da invensão ou existencia do preservativo, passo a citar «Os brancos inventaram isto pra desimar os negros em massa».
Nyiki, imagina só esta situação, seria facil educar este individuo olhando pra o pensamento do STEPHEN LIEB? creio q não.

Tinha muito por escrever mas tou sem tempo suficiente.

Passe bem e gostei.
HORACIO ZUNGUZA

Unknown said...

Penso que não podemos educar pessoas adultas. Podemos informar, aconselhar,ou orientar caso queiram.
A informação importante a passar deve focalizar-se na questão da sobrevivência.
Com HIV/SIDA, cólera, paludismo e outras pragas que se têm espalhado pelo mundo inteiro, a mortalidade aumenta e aos poucos torna a raça humana em mais uma espécie em vias de extinção. Existem meios de prevenir, pois que ainda não há vacinas para tudo. Mas está nas mãos de cada um o combate, somos educados desde crianças para a necessidade de higiene e limpeza, respeito por si próprio e pelos companheiros. Ajuda ao semelhante. Afinal todos somos irmãos...
Se pensarmos que o HIV/SIDA é altamente contagioso pela via mais usada para a propagação da espécie, e ainda mais: é hereditário, portanto transmite-se aos filhos, minha gente... estamos a contribuir para o massacre humano se não travarmos os comportamentos de risco... se não dermos a devida importância à informação.
Desculpem qualquer coisinha...
Pensamento de uma branca africana!

Unknown said...

Ana Bárbara,

uma reflexão inteligente esta sua, no entanto, não percebo por que pensa que o adulto não se pode educar!

segundo, a questão de HIV não é opcional engana-se quem assim pensa.

Mais, não é atoa que os planificadores de ducação introduziram conteudos educativos sobre HIV nos currículos tanto para as crianças como para adultos é pelo facto de que é possível educar as comunidades assim o indivíduo fica também.

Portanto, em África a vida e a procriação constituem bens preciosos é por isso que uma indivíduo sem filhos em África ainda é meio excluido!

Aqui começa a necessidade de educação do adulto de modo a perceber que uma etnia, um clã, uma família, etc... pode extinguir se os seus membros não se previnirem deste mal sem cura

A informação só faz sentido quando tem alguma utilidade educativa sobre tudo no caso vertente de HIV.(pelomenos em mim).

É dever de todos nós travar a onda deste flagelo, nada de opções...

pensa nisso

Gil Cambule said...

Nao me parece correcto setenciar nos que não se pode educar o adulto.
É importante ter-se em conta que o adulto, na posição de educando, não pode ser tratado como a criança também naquela posição.
Diferentemente do que sucede com a criança, o adulto já traz consigo uma carga de vivencias e experiencias que configuram uma forma de saber e há que ter o génio e a habilidade para aproveitar esses elementos, incutindo outras formas de saber!

Anonymous said...

ola Nyikiwa....
Acho k o combate contra o HIV merece outra face, concordo com Chacate.
Anda por estes dias um spot na tv que quanto a mim é polémico a medida em que a mensagem é dupla ou seja, recorri a R. K.Merton para perceber outra face do Spot que numa das passagens diz..." apercebi me que estava num caminho de HIV, logo parei e pensei e afastei me" isto porqque na sua rede de relaçoes sexuais a pessoa descobriu alguem infectado, entao qual é o efeito perverso deste spot? Nao sera o incentivo a discriminaçao?

Abraços
Hermenegildo Cossa

Tomás Queface said...

Por onde anda a dona o Blog? Saudações!

Anonymous said...

Queface,

A dona do blog está viva e bem viva, apenas com muita ocupação, por isso que anda desaparecida deste espaço. Aguarde que em breve ela voltará à carga.

Obrigada,
Nyikiwa.